A placa, escrita em hebraico e inglês, alertava “PERIGO”. Dei uma olhada em minhas botas, com solado espesso e antiderrapante, cobrindo até o tornozelo, e em minhas grossas calças jeans. Meus pés e pernas estavam bem protegidos. Resolvi, então, entrar no grande buraco que havia dentro das ruínas de Tel Arad. Eu estava curioso demais para dar muita atenção à placa.
Arad é uma antiga fortaleza, mencionada algumas vezes na Bíblia. Ela foi construída, provavelmente, pelo rei Salomão e utilizada por todos os seus sucessores. Sua localização era importante para proteger a fronteira do sul de Israel, mas tinha um grave inconveniente: ficava num lugar extremamente árido, nas bordas do deserto do Negev. Água, ali, era uma raridade.
Por isso, os habitantes fizeram o que era muito comum naquela época. Cavaram um imenso buraco no chão, uma cisterna, para guardar a água do breve período de chuvas e, assim, poderem sobreviver no prolongado período de seca. As cisternas precisavam, naturalmente, ser cavadas na rocha pura, onde não houvesse rachaduras ou porosidade. Caso contrário, a água vazaria totalmente.
Era numa dessas cisternas que eu estava entrando; um poço de boca bem grande, de uns 4 metros de largura por 3 metros de profundidade. Quando cheguei no fundo, observei que ele não terminava ali, mas continuava horizontalmente, por baixo da fortaleza, como se fosse um longo túnel, escuro, talvez de uns 20 metros de comprimento. Felizmente, estava vazio e seco. Mas estava muito mal cheiroso, cheio de moscas e alguns morcegos.
Lembrei-me imediatamente do fiel e corajoso profeta Jeremias. Foi numa cisterna como essa, em Jerusalém, que seus inimigos o jogaram. Ela também estava vazia, mas cheia de lama, e Jeremias ficou atolado, sem poder escapar (Jeremias 38:6). Eles fizeram isso porque não queriam mais ouvi-lo falar sobre as terríveis conseqüências que ocorreriam por causa da maldade do povo. Em um desses seus sermões, Jeremias disse: “Ficai estupefatos, diz o Senhor. Porque dois males cometeu o Meu povo: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:12 e 13).
Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)
Arad é uma antiga fortaleza, mencionada algumas vezes na Bíblia. Ela foi construída, provavelmente, pelo rei Salomão e utilizada por todos os seus sucessores. Sua localização era importante para proteger a fronteira do sul de Israel, mas tinha um grave inconveniente: ficava num lugar extremamente árido, nas bordas do deserto do Negev. Água, ali, era uma raridade.
Por isso, os habitantes fizeram o que era muito comum naquela época. Cavaram um imenso buraco no chão, uma cisterna, para guardar a água do breve período de chuvas e, assim, poderem sobreviver no prolongado período de seca. As cisternas precisavam, naturalmente, ser cavadas na rocha pura, onde não houvesse rachaduras ou porosidade. Caso contrário, a água vazaria totalmente.
Era numa dessas cisternas que eu estava entrando; um poço de boca bem grande, de uns 4 metros de largura por 3 metros de profundidade. Quando cheguei no fundo, observei que ele não terminava ali, mas continuava horizontalmente, por baixo da fortaleza, como se fosse um longo túnel, escuro, talvez de uns 20 metros de comprimento. Felizmente, estava vazio e seco. Mas estava muito mal cheiroso, cheio de moscas e alguns morcegos.
Lembrei-me imediatamente do fiel e corajoso profeta Jeremias. Foi numa cisterna como essa, em Jerusalém, que seus inimigos o jogaram. Ela também estava vazia, mas cheia de lama, e Jeremias ficou atolado, sem poder escapar (Jeremias 38:6). Eles fizeram isso porque não queriam mais ouvi-lo falar sobre as terríveis conseqüências que ocorreriam por causa da maldade do povo. Em um desses seus sermões, Jeremias disse: “Ficai estupefatos, diz o Senhor. Porque dois males cometeu o Meu povo: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:12 e 13).
Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)
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