Alberto R. Timm
Publicado na revista do Ancião
em jul – set 2006
Após a ressurreição de Jesus, Maria Madalena O encontrou junto ao
sepulcro e procurou dialogar com Ele, mas Ele pediu para não ser detido, pois
ainda não subira para o Pai (João 20:11-18). Depois disso, Jesus não apenas Se
deteve com outras pessoas, como também dialogou demoradamente com
algumas delas (ver Luc. 24:13-50; João 20:19-29; 21:1-23; Atos 1:3; 1 Cor. 15:3-
8). O contraste entre o pedido inicial para não ser detido e a iniciativa posterior de
Se deter com os discípulos sugere uma breve ascensão temporária de Cristo à
presença do Pai nas cortes celestiais no próprio dia da ressurreição.
O livro O Desejado de Todas as Nações descreve tanto a ascensão
temporária de Jesus no dia da ressurreição (cf. João 20:17) quanto Sua ascensão
definitiva 40 dias mais tarde (Mar. 16:19; Luc. 24:50, 51; Atos 1:6-11). Em relação
à primeira delas, encontramos na pág. 790 da referida obra a seguinte declaração:
“Jesus recusou receber a homenagem de Seu povo até haver obtido a certeza de
estar Seu sacrifício aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais, e ouviu do próprio
Deus a afirmação de que Sua expiação pelos pecados dos homens fora ampla, de
que por meio de Seu sangue todos poderiam obter a vida eterna. O Pai ratificou o
concerto feito com Cristo, de que receberia os homens arrependidos e obedientes,
e os amaria mesmo como ama a Seu Filho. [...] Todo o poder no Céu e na Terra
foi dado ao Príncipe da Vida, e Ele voltou para Seus seguidores num mundo de
pecado, a fim de lhes comunicar Seu poder e glória.”
Sobre a ascensão definitiva de Cristo, 40 dias após Sua ressurreição, O
Desejado de Todas as Nações, págs. 833-834, afirma: “Todo o Céu estava
esperando para saudar o Salvador à Sua chegada às cortes celestiais. Ao
ascender, abriu Ele o caminho, e a multidão de cativos libertos à Sua ressurreição
O seguiu [Mat. 27:51-53]. A hoste celestial, com brados de alegria e aclamações
de louvor e cântico celestial, tomava parte na jubilosa comitiva. [...] Estão ansiosos
por celebrar-Lhe o triunfo e glorificar seu Rei. Mas Ele os detém com um gesto.
Ainda não. Não pode receber a coroa de glória e as vestes reais. Entra à presença
do Pai. Mostra a fronte ferida, o atingido flanco, os dilacerados pés; ergue as mãos
que apresentam os vestígios dos cravos. Aponta para os sinais de Seu triunfo;
apresenta a Deus o molho movido, aqueles ressuscitados com Ele como
representantes da grande multidão que há de sair do sepulcro por ocasião de Sua
segunda vinda. [...] Ouve-se a voz de Deus proclamando que a justiça está
satisfeita. Está vencido Satanás. [...] Os braços do Pai circundam o Filho, e é dada
a ordem: ‘E todos os anjos de Deus O adorem’ [Heb. 1:6].” E o livro Atos dos
Apóstolos, págs. 38-39, acrescenta que, tão logo essa cerimônia foi concluída nas
cortes celestiais, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes como evidência
da aceitação do sacrifício de Cristo.
Alguém poderia ser tentado a argumentar que a ascensão temporária de
Cristo no dia da ressurreição seria inviável porque o tempo de duração da viagem
entre a Terra e o Céu é de uma semana. É certo que Ellen G. White menciona em
Primeiros Escritos, pág. 16, que os remidos ascenderão durante “sete dias” para o
mar de vidro (Apoc. 15:2), mas isso não significa que Cristo e os anjos levem o
mesmo tempo para fazerem o percurso. O fato de Cristo ter ascendido ao Céu
após o diálogo com Maria Madalena (João 20:11-18) e estar de volta mais tarde,
naquele mesmo dia, para acompanhar dois de Seus discípulos no caminho de
Emaús (Luc. 24:13-49) deixa claro que Cristo não mais estava limitado ao tempo.
De modo semelhante, o anjo Gabriel veio das cortes celestiais em questão de
minutos para atender à oração de Daniel (Dan. 9:20-23; cf. 9:1-19).
Portanto, existem evidências suficientes para crermos que Cristo
ascendeu, ligeiramente, ao Céu após Sua ressurreição e, definitivamente, 40 dias
mais tarde. Em ambas as ascensões houve uma ratificação da obra redentora de
Cristo em favor dos pecadores. Após Sua primeira ascensão, Cristo retornou à
terra a fim de “comunicar Seu poder e glória” aos Seus discípulos. Após Sua
segunda ascensão, Cristo permaneceu como Rei e Sacerdote nas cortes
celestiais (ver Zac. 6:13; Heb. 4:14-16), mas enviou o Espírito Santo como Seu
agente regenerador e santificador (ver João 14:16 e 17, 26; 16:7-15).
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