terça-feira, 25 de outubro de 2011

José e seus irmãos - II

DOMINGO, 15 DE FEVEREIRO DE 2009
A história de José é uma das sagas mais famosas do Antigo Testamento. Vítima de seus próprios irmãos, ele teve sua túnica rasgada, foi vendido como escrado e levado para o Egito. Uma vez lá, foi injustamente para a prisão, mas terminou liberto e promovido a primeiro-ministro, após decifrar um obscuro sonho do faraó que previa fome no país. Essa é uma história maravilhosa que mostra a providência divina na vida de um homem sofredor. (Hugo Hoffman)

O faraó da saga de José

A Bíblia guarda profundo silêncio a respeito do nome do faraó do Egito na época de José e Moisés. Segundo o Doutor e Pastor Rodrigo P. Silva, talvez isso se deva ao fato do pentateuco seguir as regras dos escribas egípcios (já que Moisés foi educado na cultura Egípcia e Hebreia), pois em tempos mais antigos, o faraó era geralmente, mas não sempre, chamado apenas de faraó, como se fosse seu nome próprio. Mais tarde tal prática foi abolida e os escribas tornaram quase obrigatória a identificação do faraó quando se fosse escrever um documento, para que fosse guardada para a posterioridade. E a bíblia acompanha esta mudança e começa a identificar o nome do faraó, como, por exemplo, o faraó Neco (Jr 46:2), faraó Hofra (Jr 44:30) etc. Isso também é um indício de que a história de José não poderia ter sido forjada tardiamente no exílio Babilônico, como propõem os minimalistas.

Os 7 anos de fome e de fartura

Sobre os sete anos de fome e fartura, os arqueólogos encontraram um documento estranho sobre uma época de escassez, conhecida como marco, pedra ou estela da fome, descoberta na Ilha de granito Sehel, Assuan. As inscrições procedem dos dias de Ptolomeu V, mas narra um acontecimento ocorrido de 2.500 a 2.700 anos antes, no reinado do faraó Djoser, que governou de 2630-2611, durante a 3ª dinastia:
"Eu choro sobre o meu trono, todos no palácio estão em angústia... porque Hapi (o Nilo identificado em forma humana) tem falhado em sua tarefa. Num período de 7 anos, o grão se tornou escasso e secou... todo homem está roubando seu semelhante.. as crianças choram... o coração dos velhos está carente... os templos estão fechados, os santuários cobertos de pó. Todos estão em desgraça".
"O sonho de faraó mostrava sete vacas gordas seguidas de sete vacas magras (Gn 41:1-36). Essa imagem parece fazer referência à deusa Hathor que era representada por uma vaca celestial. Ela era um dos símbolos mais importantes do antigo Egito, pois, entre outras coisas, também era o símbolo da alimentação"¹

Mantimento para os os anos de fome

Werner Keller diz que existe uma descoberta que foi encontrada pelo egiptólogo alemão Heinrich Brugsch. Este texto retrata um período de fome muito parecida com a história bíblica de José. Este texto, foi escrito por um certo Baba, que foi governador da cidade de El-kab, sul de Tebas, que viveu durante a 17ª dinastia, que segundo a cronologia do Norte, seria a 16ª dinastia. Esse período, poderia ser parte do tempo em que José governou o Egito.
O texto diz que "o que o governador hebreu fez pelo seu país, Baba fez pela sau cidade", segundo as orientações de José. O texto relata:
"Eu recolhi o milho, como um amigo do deus da colheita. E quando a fome chegou, castigando (a terra) por muitos anos, eu distribuí o milho para a cidade durante os anos que a fome durou".
Com certeza este relato é muito parecido com o texto bíblico de Gn 41:29-37.

Descoberta da tumba temporária de José

"Um série de escavações, conduzidas desde 1966 por Manfred Beitak, encontraram a provável tumba temporária de José no Egito, antes que seus ossos fossem levados com o povo hebreu na saída do Egito (Êxodo 13:19). O sítio abriga os restos da antiga Avaris (hoje Tell el-Dab’a). O esquema do sítio parece indicar uma vila formada principalmente por ovinocultores, que viviam em paz no Egito. O que Bietak descobriu foi bastante sugestivo: dentro da tumba havia uma estátua quebrada de cor amarela, com os cabelos presos na forma de um cogumelo (indicativos claros da origem semita do indivíduo)... Em sua mão ele trazia o cetro do faraônico especial, que nos leva a supor que se tratava de alguém muito importante no Egito, provavelmente o primeiro-ministro do rei...
Infelizmente não podemos ainda afirmar, para longe de qualquer questionamento, que essas sejam realmente a casa e a tumba real do patriarca José. Não obstante, há vários indícios que apontam nessa direção e não podemos descartar a possibilidade de ter encontrado aqui em Tell el-Dab’a a confirmação arqueológica da morada de José e sua família nas terras do Egito."(Escavando a Verdade, págs. 90 e 91, Cap. Seria José?, grifo meu).

Wesley Alfredo G. de Arruda é estudante,fascinado por Arqueologia e também pela Bíblia. Visitou diversos sítios arqueológicos no mundo como na Jordânia (Numeira e Bab Edh-ra) e no Egito (Saqqara, Giza). Também foi colaborador de um projeto de pesquisa israelense, o Temple Mount Sifting Project, localizado em Jerusalém.

Fontes:
Escavando a verdade de Rodrigo P. Silva, págs. 88, 90 e 91.
Arqueologia da Bíblia - Dos patriarcas ao umbral da terra Prometida, de Werner Keller, págs. 94 e 95.
E a Bíblia tinha razão, de Werner Keller, págs. 116, 117, 118, e 119.
http://www.bibliaonline.com.br/acf
A Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada (Ed. 1993)
Hugo Hoffman, em sua introdução ao artigo "José no Egito - parte I"

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