domingo, 10 de julho de 2011
Figura 1. Ilustração sobre a origem da vida na Terra (Fonte: Massachusetts Academy of Sciences).
Se vasculharmos as camadas das rochas, encontraremos muitas centenas de fósseis de tartarugas; algumas enormes, com mais de três metros. Se investigarmos abaixo da última tartaruga na camada de rocha mais inferior, não encontraremos os elos evolutivos entre as tartarugas e o seu suposto ancestral evolutivo, com aparência de lagarto. As tartarugas, na verdade, são uma espécie diferente de animais, e surgem repentinamente. O mesmo pode ser dito sobre os fósseis dos hostis répteis voadores, conhecidos como pterossauros, os fósseis de morcegos e muitos outros grupos pertencentes à grande quantidade de filos de animais que, subitamente, aparecem na explosão cambriana.
O problema de ordem evolutiva relacionado com a explosão cambriana não se resume no fato de que subitamente uma imensidade de filos de animais surgem quase que ao mesmo tempo; o problema é mais amplo, pois abaixo da explosão cambriana não encontramos fósseis das formas intermediárias a partir das quais os filos de animais teriam que ter evoluído. Os outros importantes grupos de organismos também tendem a surgir repentinamente no registro fóssil. Novamente ressaltamos: se esses organismos tivessem evoluído de fato, teríamos que encontrar os fósseis de todas as formas intermediárias abaixo deles, levando em conta o lento processo evolutivo que teria dado origem à grande variedade de filos.
Charles Darwin tinha consciência desse problema e honestamente o admitiu em sua famosa obra A Origem das Espécies. Ele afirma:
“Da mesma forma que esse processo de extermínio ocorreu em escala gigantesca, o número de variedades intermediárias, outrora existentes sobre a Terra, deve ter sido também realmente imenso. Por que então as várias formações e camadas geológicas não estão repletas desses elos intermediários? Certamente, a geologia não revela nenhuma cadeia orgânica com uma sequência precisa de mudanças gradativas. Esse fato representa, talvez, a mais óbvia e série objeção que possa ser feita contra a minha teoria”.
Em seguida, Darwin dedica muitas páginas tentando explicar que os elos intermediários são inexistentes devido à grande imperfeição do registro geológico. Esse ressalta como partes da coluna geológica estão ausentes em muitos locais da Terra, e faz referência casual ao surpreendente fato de que a camada logo abaixo dessas lacunas não apresenta os efeitos do tmepo. Com essa menção, Darwin inadvertidamente levanta um problema bastante relevante relacionando com as longas eras necessárias para que ocorra o lento processo evolutivo por ele mesmo proposto.
É possível falar em lacunas na coluna geológica ao se constatar que as partes ausentes, especialmente os fósseis característicos, se encontram em outros locais da Terra. Além disso, Darwin relata a respeito dos “muitos casos registrados em que uma formação é coberta compativelmente, após um imenso intervalo de tempo, por outra formação posterior, sem que a camada anterior sofra, neste intervalo, qualquer desgaste”.
Com o termo “compativelmente” Darwin quis dizer que a camada logo abaixo da lacuna, supostamente muito mais velha, e a camada muito mais recente logo acima dela encontram-se horizontalmente unidas uma com a outra. Visto que a camada inferior é horizontal, temos aí uma evidência de que o “imenso intervalo de tempo” sugerido por Darwin nunca ocorreu, já que não se podem ver ali os efeitos destrutivos do tempo, como as erosões irregulares previstas. Os geólogos chamam de desconformidades essas lacunas significativas, para cuja existência as rochas não fornecem nenhuma ou pouca evidência; e, caso exista uma leve erosão, chamam-nas de desconformidades.
A falta de “desgaste” nessas lacunas horizontais faz com que elas sejam de difícil identificação, tornando-se necessário o estudo cuidadoso dos fósseis para localizá-las. Trata-se de um verdadeiro desafio, pois não há nada nessas lacunas que possa transmitir sua representação. No entanto, a imensa quantidade delas e a surpreendente horizontalidade de seus contatos levantam sérios questionamentos a respeito da validade das longas eras geológicas, inclusive do complicado processo de datação radiométrica empregado para determiná-las.
Adam Sedgwick, o velho professor de geologia de Darwin na Universidade de Cambridge, não tinha problemas com as longas eras geológicas, apesar de ter sérias dúvidas a respeito da evolução. Ele não permitiu que Darwin propagasse a teoria de que a ausência de camadas, mesmo sem desgaste na camada inferior, indicava enormes intervalos de tempo. Darwin tentou explicar essas camadas identificando-as com regiões no fundo do mar, mas essa explicação não é compatível com os fósseis e os tipos de rochas encontrados nessas lacunas. Em um artigo crítico, publicado em The Spectator, Sedgwick, sem fazer uso de muitas sutilezas, comenta que “não se pode fazer uma corda a partir de bolhas de ar”, e, referindo-se especificamente às lacunas, indaga:
“Onde será que podemos encontrar uma prova da existência de enormes lapsos de tempo geológico que possam explicar as mudanças? […] Evidências no mundo físico revelam o contrário. Para sustentar sua teoria sem fundamento, Darwin costumava apelar para incontáveis intervalos de eras, os quais não apresentavam nenhum monumento físico comensurável”.
Esse problema pode ser facilmente constatado no Grand Canyon, visto que os períodos ordovicianos e silurianos, que cobrem mais de 100 milhões de anos, não são encontrados ali; todavia, verificam-se poucas evidências de erosão na camada inferior desse intervalo. Existem inúmeras outras lacunas nas camadas do Grand Canyon, as camadas nessa região do registro geológico são extremamente planas. O contraste da cama inferior horizontal nessas lacunas com o recorte irregular do Grand Canyon por si só ilustra o enigma. O tempo produz muita erosão irregular como a do Grand Canyon, mas não é possível ver erosão nessas lacunas.
Com o decorrer do tempo, o desgaste da erosão é devastador. Com base no índice médio de erosão nos continentes do nosso planeta, a previsão é de que a superfície da Terra ficaria rebaixada em três quilômetros em 100 milhões de anos, o que representa duas vezes a profundidade do Grand Canyon inteiro. O problema que Sedgwick apresentava em relação à falta de evidência física para os longos períodos de tempo sugeridos para essas lacunas permanece ainda sem solução. Qualquer diminuição da escala padrão de tempo geológico deixa menos tempo ainda para as improbabilidades da evolução. Os dados encontrados nas lacunas geológicas apoiam fortemente o modelo bíblico das origens.
Quase um século e meio depois, as preocupações de Darwin concernentes à falta de fósseis intermediários estão ainda em pleno vigor. Já foi possível, desde sua época, coletar inúmeros fósseis, e, à medida que subimos na escala geológica, tipos importantes de fósseis surgem subitamente nas camadas, sem dar indícios de que tivessem evoluído no decorrer do tempo a partir de diferentes ancestrais. Alguns pesquisadores admitem o problema, como o conhecido paleontólogo Robert Carroll, defensor da evolução. Esse pesquisador ressalta que:
“A previsão seria de que os fósseis apresentassem uma progressão contínua de formas com pequenas diferenças, ligando todas as espécies bem como todos os principais grupos uns com os outros num espectro quase ininterrupto. Na verdade, a maior parte dos fósseis bem preservados permite uma classificação imediata num pequeno número de grupos básicos, semelhante ao que ocorre com os seres vivos da atualidade”. Referindo-se às características das várias espécies de plantas que produzem flores, Carroll comenta que “em nenhum caso é possível documentar a evolução gradual dessas características”.
Ao discutir a relação entre paleontologia e teoria biológica, David Kitts, da Universidade de Oklahoma, salienta que:
“A despeito das animadoras promessas de que a paleontologia forneceria os meios para ‘enxergar’ a evolução, ela, ao contrário, tem apresentado algumas dificuldades muito desagradáveis para os evolucionistas, sendo a mais notória a presença de ‘lacunas’ no registro fóssil. A evolução requer formas intermediárias entre as espécies, e a paleontologia não as fornece”.
O paleontólogo T.S. Kemp, da Universidade de Oxford, confirma o problema ao comentar que:
“O padrão de fóssil observado é invariavelmente incompatível com o processo evolutivo gradualista. Somente em casos extremamente raros é que se pode observar linhagens de formas intermediárias com mudanças gradativas precisas capazes de associar ancestrais com seus descendentes”. O autor opta por uma série de outras possíveis explicações para a evolução e o registro fóssil.
Alguns evolucionistas, como Stephen Gould, da Universidade Harvard, chegam a sugerir que o processo da evolução ocorre por meio de pequenos saltos, não deixando em seu rastro nada significativo no que diz respeito ao registro fóssil. Trata-se do modelo do equilíbrio pontuado. Porém, essa teoria não traz quase nenhuma contribuição para solucionar o problema com que a evolução se depara ao investigar o registro fóssil, pois a total ausência de intermediários é mais acentuada entre os grandes grupos de organismos, como os filos animais, onde se esperaria encontrar o maior número de intermediários evolutivos para servirem de ponte entre os grandes intervalos existentes entre esses grandes grupos. E é justamente nesses espaços que as formas intermediárias estão notoriamente ausentes; e o problema parece ser ainda mais grave no reino vegetal.
Justamente onde se deveria encontrar grande quantidade de pequenos saltos evolutivos, o registro se mostra praticamente, para não dizer totalmente, desprovido de qualquer amostra. Apesar dessa constatação, alguns evolucionistas, entre eles o porta-voz da Academia Nacional de Ciências, nos Estados Unidos, alegam que muitos desses intervalos já foram preenchidos, o que não corresponde à verdade. Sendo fiéis aos fatos, não podemos nos esquecer de que ter simplesmente encontrado um intermediário não comprova a evolução, pois o achado poderia representar nada mais do que outra variedade criada com traços que os evolucionistas interpretariam como forma intermediária.
Muitos evolucionistas não parecem compreender o cerne do problema no registro fóssil. Eles chamam a atenção para indícios isolados de possíveis partes ou formas intermediárias. Mas esse não é o caminho para demonstrar que a evolução ocorreu de fato. Até o momento, milhões de fósseis já foram identificados, correspondendo a bem mais de 250 mil espécies diferentes. Quanto mais fósseis são encontrados, mais óbvio nos parece que a falta de intermediários seja um fato consumado. As poucas excessões existentes quase não contribuem para solucionar o problema da evolução.
Na verdade, muitos dos supostos intermediários não passam daquilo que chamamos de mosaicos, ou seja, formas que apresentam muitas características dos dois grupos para os quais estariam servindo de ponte. No entanto, cada traço da espécie supostamente intermediária, como uma pena ou tipo de tornozelo, se apresenta completamente desenvolvido e não em estado intermediário.
Se a evolução tivesse realmente acontecido, num processo em que os organismos tentassem evoluir por bilhões de anos, com os poucos sucessos e os muitos fracassos previstos, teríamos que encontrar uma sólida continuidade de intermediários, e não as poucas e questionáveis excessões. Essa sólida continuidade teria que ser mais expressiva na coluna geológica logo abaixo de onde surgem repentinamente os grandes grupos, como os da explosão cambriana ou os mamíferos e pássaros modernos. Deveria haver muitos milhares de intermediários, mas praticamente nenhum foi sugerido até o momento.
Charles Darwin estava, de fato, fazendo a pergunta correta, conforme discutimos anteriormente, ao indagar “por que as diferentes formações geológicas e estratos não estão repletos desses elos intermediários”.
Referências Bibliográficas:
ROTH, Ariel A. A ciência descobre Deus: Evidências convincentes de que o Criador existe. Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, SP. 2010, p. 163-169.
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