26 de outubro de 2011
Os dinossauros faziam travessias há 150 milhões de anos percorrendo, como fazem as ovelhas, longas distâncias para pastar em terras altas durante a estação seca, revelou um estudo publicado esta quarta-feira. Os saurópodes, dinossauros herbívoros de pescoço comprido e grandes dimensões, como o icônico diplodoco, foram os maiores vertebrados a habitar a Terra.
Visto que estes répteis extintos mediam entre 10 e 20 m e viviam em grupos, suas necessidades alimentares, regidas em função de sua enorme massa, os tornavam particularmente vulneráveis à seca. Evidências fósseis encontradas na Formação Morrison, uma área geológica que data do Jurássico, situada na parte ocidental dos Estados Unidos (de Montana ao Arizona e de Utah ao Colorado), indicam que ali saurópodes de todos os tipos eram abundantes.
No entanto, estas planícies aluviais sofriam secas sazonais entre 156 e 144 milhões de anos atrás, razão pela qual estes grupos de répteis devem ter desenvolvido algum mecanismo para sobreviver em condições tão adversas. Segundo geólogos da Universidade do Colorado, os répteis provavelmente se comportavam como os rebanhos de ovelhas, avançando em pastos vizinhos para ter acesso a fontes de água e alimento frescos.
Para confirmar esta teoria, que já tinha sido proposta por paleontólogos, Henry Fricke e sua equipe compararam a composição química do esmalte dos dentes do camarassauro, um tipo de dinossauro saurópode, com a de sedimentos diversos (solos, lagos e áreas pantanosas) da região e das colinas vizinhas.
Análises do oxigênio 18, uma variação atômica do oxigênio, nos dentes de um camarassauro, revelou que o animal consumiu durante toda a vida água das regiões altas situadas a oeste do local onde seu fóssil foi encontrado.
"As populações de camarassauros da região devem ter ocupado as áreas mais elevadas pelo menos durante uma parte do ano, antes de voltar às bacias fluviais onde morreram", concluíram os autores do estudo, publicado na revista britânica Nature. "Para fazê-lo, estes animais tiveram que percorrer uma distância de cerca de 300 km, se nos basearmos nas formações paleográficas do Jurássico Superior", explicaram os especialistas.
Os cientistas avançaram em sua análise e estudaram a composição interna de um dente do saurópode. Como acontece com todos os vertebrados, os dentes dos dinossauros são formados por camadas sucessivas e a análise química de um corte da peça permite identificar as diferentes concentrações de oxigênio 18 ingerido ao longo do tempo.
O resultado demonstra que o camarassauro, que tinha 18 m de comprimento e pesava 20 t, fazia viagens de ida e volta entre a planície fluvial e os pastos do entorno em um perído de cinco a seis meses, o que constitui uma travessia sazonal.
"Partindo do princípio de que os camarassauros migravam para obter alimento e água necessários para sobreviver, provavelmente deixavam a planície durante a estação seca (semelhante ao verão), onde a vegetação cresce pouco e as secas podem ser frequentes, para voltar na estação úmida (análoga ao inverno)", afirmam os cientistas.
Outros estudos feitos sobre os camarassauros e com outras populações de saurópodes continuam em curso para determinar se a migração foi algo disseminado neste tipo de animais e se pode ter desempenho um papel em seu gigantismo.
Fonte:AFP
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