TERÇA-FEIRA, 30 DE DEZEMBRO DE 2008
Cada cidade-estado da Suméria era governada por um patesi que seria ao mesmo tempo o supremo sacerdote e chefe militar absoluto. Os deuses regionais eram os proprietários de todas as terras a quem os homens deveriam servir, sendo as cidades suas cidades terrenas. Junto aos templos e as cidades, homenageando o seu deus patrono, eram erigidas enormes torres em forma piramidal chamadas zigurates. Elas eram feitas de tijolos maciços e serviam de santuários ou acesso aos deuses quando eles desciam à Terra para visitar o seu povo.
Os zigurates eram para os sumérios uma espécie de link entre o céu e a Terra. Provavelmente, o sonho de Jacó visualizando uma escadaria que vinha do céu em direção à Terra, tenha relação direta com essa imagem cultural ainda presente em sua época (Gn 28:10-22).
Diferentes do Egito, os governantes mesopotâmicos, salvos das raras exeções, não eram tidos como deuses, mas eram considerados seus representantes e intermediários. Logo, sua autoridade era divina e não podia ser questionada por aqueles que viviam em sua jurisdição.
Ninrode certamente viu nesta "política divina" a oportunidade de unificar politicamente a região e ter o controle sobre as cidades-estados que viviam em constantes guerras, produzindo sucessivas hegemonias territoriais. Se ele promovesse a paz e conseguisse se estabelecer como o procurador-geral de todos os deuses, ganharia a confiança do povo e o obrigaria os governantes regionais a lhe prestarem obediência. Foi talvez por isso que ele empreendeu o maior projeto arquitetônico de todos os tempos: construir o mais gigantesco de todos os zigurates, a torre de Babel.
Até o nome do Edifício foi escrito a dedo. Babel (que os hebreus propositalmente chamavam de Bavel, "confusão") vem do acadiano bab-ilu que quer dizer "portal de Deus". Com isso seus construtoresqueriam dizer que, enquanto deuses menores usavam os zigurates locais para se comunicar com o povo, o chefe dos deuses (Anu ou Enlil) usava o zigurate de Babel para descer a Terrra. Portanto todos os povos deveriam estar ali para adora-lo, mesmo que fossem devotos de outro deus local, pois sua religiosidade pessoal não os permitiria se ausentarem desta grande coletividade ecumênica que traria paz e união na terra do crescente fértil.
Em 1872, George Smith descobriu um tablete cuneiforme que trazia o seguinte relato acerca da edificação de um zigurate que provavelmente poderia ter sido a torre de Babel:
"A Edificação desta torre ofendeu a todos os deuses. Numa noite eles [deitaram abaixo] o que homem havia construído e impediram seu progresso. Eles [os construtores] foram espalhados e sua língua se tornou estranha."
Novamente a arqueologia encontrou uma evidência do relato bíblico, dessa vez da confusão de línguas ocorridas em Babel.
Um outro fragmento de tablete foi encontrado posteriormente, contendo 27 linhas. O texto é uma carta endereçada ao "senhor de Arrata". O remetente desconhecido solicita ao rei que lhe permita ser seu vassalo, pois os tempos estavam muito difíceis. Ele, então, relembra ao monarca que houve uma era de ouro na Mesopotâmia em que havia "harmonia nos idiomas da Suméria" e "todo o universo, em uníssono [adorava] a Enlil em uma só língua..."
Atualmente, vários zigurates parcialmente preservados foram localizados na região do Iraque. Muitos deles datam de mais de 2.000 anos antes de Cristo e podem ter sido construídos nos dias de Ninrode. Difícil é saber se algum deles é, porventura, o que restou da torre de Babel. Mas, de qualquer forma, é interessante observar que seus tijolos são queimados e colados com betume, justamente como a Bíblia descreve o processo de construção da torre em Gênesis 11:3.
Baseado no livro "Escavando a verdade", de Rodrigo P. Silva, pags. 72, 73, 74.
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