quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Semente de 2.000 anos germina e vira planta




Uma semente com cerca de 2.000 anos encontrada no deserto da Judéia foi plantada por cientistas israelenses e germinou, segundo artigo publicado na revista especializada Science nesta sexta-feira.
Isso a tornaria a semente mais antiga do mundo a germinar de que se tem conhecimento.
A semente de tâmara foi encontrada em escavações em 1963, na antiga fortaleza do rei Herodes, em Masada, perto do Mar Morto. Na ocasião, os cientistas encontraram um grupo de sementes, que mantiveram em uma sala em temperatura ambiente com a intenção de estudá-las mais a fundo.
A região era famosa por suas tâmaras com propriedades medicinais, e há 2.000 anos as frutas eram o principal produto de exportação da região hoje ocupada por Israel.
Mas séculos de guerras, invasões e secas prejudicaram o cultivo das tâmaras, e já na época das Cruzadas, há 800 anos, as vastas florestas de tamareiras da região haviam desaparecido.
Recentemente, uma equipe de botânicos, agrônomos e biológos liderados por Sarah Sallon, do Centro de Pesquisa de Medicina Natural L. Borick, analisaram as sementes e decidiram plantar algumas, como parte de um projeto para recriar plantas medicinais que haviam existido na região.
Carbono
Já houve várias experiências em que sementes “antigas” germinaram, afirma a Science, mas poucas conseguiram verificar a idade das sementes de maneira cientificamente aceitável.
A equipe de Sallon usou o processo de datação radioativa por caborno – que mede a idade de objetos com base no declínio da taxa de seus isótopos de carbono – para determinar a idade de duas das sementes, que teriam entre 2.110 e 1.995 anos.
Como o processo danifica as sementes, os cientistas plantaram uma terceira semente. Esta semente germinou depois de oito semanas, transformando-se numa planta semelhante às atuais tamareiras.
A única diferença eram pequenos pontos brancos nas primeiras folhas da planta, provavelmente causados pela falta de clorofila, atribuída à deficiência de nutrientes essenciais durante os primeiros estágios da germinação.
Depois de permitir que a planta – apelidada de Matusalém em homenagem ao personagem mais velho da Bíblia – crescesse por 15 meses, os cientistas a transferiram para um vaso maior e recolheram vestígios da semente das raízes, para realizar o processo de datação, que comprovou as suspeitas dos cientistas, de que ela teria perto de 2.000 anos.
Os cientistas acreditam que as condições no deserto, seco e quente, tenham contribuído para a preservação das características originais da semente.
“A habilidade de sementes permanecerem viáveis por longos períodos de tempo é importante na preservação dos recursos genéticos da planta”, afirma Sallon.
A cientista e sua equipe estão agora conduzindo análises na planta para saber se ela representa uma espécie extinta. Se for, Sallon pretende reintroduzi-la em Israel, o que permitiria a cientistas cruzar a antiga tamareira com espécies mais modernas, na esperança de criar plantas mais resistentes a infecções e secas, por exemplo.
A semente mais antiga conhecida a ser germinada, antes desta, foi a de uma flor de lótus, que tinha 1.300 anos.

Fonte: BBC BRASIL

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