Alguns textos falam realmente que “o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êxodo 4:21, 7:3, 9:12, 10:1, 20, 27, 11:10, 14:4 e 8). Outros afirmam que o próprio Faraó “endureceu o seu coração” (Êxodo 8:32, 9:34 e 35, 13:15). E há um terceiro grupo de textos que declaram simplesmente que “o coração de Faraó se endureceu” (Êxodo 7:13, 22, 8:19, 9:7).
Ezequiel 33:11 afirma que o Senhor não tem “prazer na morte do perverso, mas que o perverso se converta do seu caminho e viva”. Pedro acrescenta que o Senhor não quer “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9). Sendo assim, só podemos concluir que o endurecimento do coração de Faraó não derivou de um arbitrário decreto divino de predestinação para a perdição, e sim de uma atitude de obstinada rebeldia por parte do próprio Faraó.
No mundo natural, “o mesmo sol que derrete a cera endurece o barro”. O problema não está no sol, mas na forma diferente com que a cera e o barro reagem ao calor. De modo semelhante, o problema de Faraó não estava em Deus, mas na forma como o próprio Faraó reagia às mensagens divinas de admoestação e arrependimento. Em vez de se humilhar e arrepender, Faraó se fechava cada vez mais aos apelos divinos. Cada novo apelo para abrandar o coração acabava gerando o efeito contrário, de endurecimento.
É nesse sentido que Deus é descrito como causando a Faraó o que Ele apenas permitiu que ocorresse. É preciso reconhecer também que chegou um ponto na vida de Faraó em que ele acabou extrapolando os limites da misericórdia divina. A partir desse ponto, os apelos ao arrependimento cessaram e os juízos divinos tomaram lugar (Êxodo 7 a 12), culminando na destruição final de Faraó e do seu exército (Êxodo 14). Em tudo isso, Faraó simplesmente colheu o fruto de sua própria obstinação (ver Gálatas 6:7).
Pr. Alberto R. Timm
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